Solenidade aconteceu no Centro de Convenções, na manhã desta quinta-feira, 4/01, e teve a presença de diversas autoridades civis, militares e religiosas, além de reitores de outras universidades e institutos federais de ensino.
O vice-reitor, Paulo Bayard, se despediu da gestão e Luciano Schuch assumiu seu lugar. Brumann já havia sido empossado do cargo de reitor em Brasília dia 26 de dezembro. Na equipe de pró-reitores, três nomes novos tomaram posse: José Mário Doleys Soares na Pró-Reitoria de Infraestrutura, Flavi Ferreira Lisboa Filho na Pró-Reitoria de Extensão e Márcia Helena do Nascimento Lorentz na Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas.
Márcia, que é administradora e filiada a ATENS/UFSM, era coordenadora da Coplai na Pró-Reitoria de Planejamento e afirmou-se feliz e desafiada com o novo cargo. “É um grande desafio e um grande aprendizado também para o currículo de um servidor público”, disse Márcia, que nestes primeiros dias vai conhecer mais sobre o novo cargo e buscar a modernização administrativa. Ela e Martha Bohrer Adaime, da ProGrad, são as únicas mulheres titulares na nova equipe de gestão.
Discursos remeteram à crise
Os discursos de despedida e de posse, muito emocionados, enfatizaram a “crise programada” pela qual passam as instituições federais de ensino com os cortes do governo e ações autoritárias e midiáticas. Todos ressaltaram o valor das universidades na produção do conhecimento no Brasil.
Em sua despedida, Paulo Bayard afirmou que Burmann geriu bem a UFSM em tempos de crise, agradeceu colegas e parentes e, aos empossados, deu as boas-vindas. Ele lembrou a sua formação, a trajetória pela UFSM, os cursos de excelência que ajudou a construir (entre eles um de conceito 7 pela Capes), e também os feitos que marcaram a gestão como: a maior abertura à sociedade e ao empreendedorismo e inovação, a reestruturação do convênio com o INPE, acessibilidade no campus, a inclusão e democratização do ensino e a busca de recursos em meio à crise através do diálogo permanente de Burmann com setores da sociedade.
O ex-vice-reitor também afirmou sobre a importância dos servidores públicos das universidades e institutos federais de ensino na tarefa de serem protagonistas na formação de desenvolvimento de jovens, mas cujo trabalho está na mira de campanha difamatória.
“Hoje nós servidores públicos somos criticados todos os dias na mídia por esse governo ilegítimo que ameaça gravemente a soberania de nosso país. O Brasil é referência em tecnologia agropecuária que é desenvolvida dentro de universidades públicas”, disse Bayard.
Ele deixou como desafio para a próxima gestão, a reestruturação e modernização da universidade. Segundo ele, o sistema departamental da UFSM é arcaico e que têm influenciado negativamente na produção e desenvolvimento do conhecimento.
O atual vice-reitor, Schuch, afirmou que dará continuidade ao árduo e longo trabalho que já vinha sendo desenvolvido e afirmou que esta gestão deve iniciar um processo de otimização administrativa para combater a burocracia que é um dos grandes entraves ao desenvolvimento. Schuch também apontou como desafio a inclusão de uma política de extensão na UFSM e aludiu ao fato de que apesar de um momento de crise que coloca a universidade pública e gratuita em cheque, é nelas que se desenvolve 95% da pesquisa no Brasil. “E o que seria da população de Santa Maria e região se não fosse o HUSM – que é um hospital público de alta complexidade que atende toda a região?”, exemplificou como um dos retornos da UFSM para a sociedade.
O reitor Burmann em seu discurso emocionado lembrou suas professoras do ensino fundamental na região rural e agradeceu o esforço delas em torna-lo o que é hoje e ressaltou que busca a humanização das ações dentro da UFSM. Lembrando os cortes de mais de 50% em obras em investimentos e de mais de 20% em custeio feitos pelo governo durante o ano passado, Burmann afirmou que só foi possível fechar o orçamento da UFSM com diálogo, parcerias políticas livres de amarras partidárias, apoio da comunidade e gestão participativa.
O reitor também prestou homenagem ao ex-reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier, que cometeu suicídio em outubro após condução coercitiva que culminou em condenação pública antes mesmo do julgamento, e lembrou outras universidades que passaram pelo mesmo como UFRGS, UFPR e UFMG.
“O reitor da UFSC foi injustiçado. São ações autoritárias, abusivas e midiáticas que já causaram grandes estragos nas instituições de ensino federais. Parece um programa orquestrado contra as IFES, que são imprescindíveis para qualquer projeto de nação. Somos favoráveis à investigação de servidores que possam ter cometido desvios mas a condenação prévia abala e atrapalha as investigações”, comentou.
Burmann ainda falou sobre a Estatuinte que, segundo ele era um projeto que “precisava de comprometimento, mas o debate foi desconstruído por uma minoria que lutava pelo seu quinhão, pelo sectarismo. É uma privatização por dentro da universidade”, classificou o reitor.
Ao lembrar os 400 leitos que o HUSM oferece para a região, o reitor pediu a abertura dos 300 leitos do Hospital Regional. “Neste cenário de desmonte à saúde pública que vivemos, temos um hospital com 300 vagas que está fechado há um ano e meio. Queremos que ele abra independente da gerência, desde que seja SUS”, finalizou Burmann em seu discurso de posse.