Como chegamos na situação econômica atual e quais alternativas socialmente viáveis para sair dela? Quem participou da live “A Economia desgovernada: novos rumos”, organizada pela ATENS/UFSM em parceria com o ATENS Sindicato Nacional e a Pública Central do Servidor, teve uma aula sobre este assunto. O economista Ladislau Dowbor e o professor José Gozze fizeram uma excelente abordagem ao tema. O evento, que ocorreu de forma totalmente online, teve a apresentação da pedagoga da UFSM, Venice Grings.
Nascido na Polônia, o professor da PUC/SP, economista e consultor de diversas agências governamentais e também das Nações Unidas, Ladislau Dowbor apresentou conteúdo sobre o cenário econômico brasileiro e mundial. Conforme o professor, há uma convergência de crises dentro do atual modelo econômico: a destruição ambiental, a desigualdade social e a zona financeira de enriquecimento de gente que não produz. “A desigualdade é insustentável”, adianta Dowbor.
“Não é falar mal do capitalismo. É este formato banqueiro- financeiro que está disfuncional. Como é possível que apenas algumas pessoas milionárias no Brasil abocanhem o equivalente a seis anos de bolsa família sem fazer absolutamente nada? Apenas 10% das grandes fortunas voltam para a economia. Não se trata de direita ou esquerda, é uma questão de decência humana”, comentou Dowbor.
O modelo econômico que se tem agora é em grande parte exercido pelos banqueiros, segundo o professor, e isso obstrui a capacidade produtiva e a geração de empregos. “Muito pior do que a escravização das pessoas através de baixos salários é aquela feita através do endividamento, das pessoas, das famílias e do Estado. É isso que gera essa enorme desigualdade. O mundo e, em particular o Brasil, estão sendo esmagados pela falta de justiça e pelas operações financeiras burras. As pessoas têm dificuldade para entender a exploração pela taxa de juros”, disse Ladislau.
O professor explicou que uma taxa de juros de 5% ao ano gera muito dinheiro por dia, apenas em operações financeiras, sem produzir nada além de endividamento. Ladislau também apontou que o cartão é uma forma de exploração: “imagine R$12 por mês de cada pessoa que tem um em todo o Brasil”, provocou. O professor continuou argumentando que, ao colocar dinheiro na base da sociedade, o consumo será aumentado.
“Os pobres consomem, os banqueiros colocam o dinheiro em paraísos fiscais”, brincou Ladislau. “Ao consumir, os pobres dinamizam a atividade empresarial e o processo produtivo, gerando dinheiro e impostos. O empresário produtivo (que não é o banqueiro) precisa de pessoas com dinheiro para comprar e de juros baixos para financiar a produção. Em junho deste ano, em plena pandemia, o juro médio para pessoas físicas chegou a 42%”, explicou Dowbor.
A live durou mais de uma hora, tratando também de reforma tributária, e ao final foram lidas as dúvidas e comentários de participantes. Os dados e informações explicados no evento podem ser conferidos no site Dowbor.org. Se você quiser ver a live completa, pode clicar aqui.