Cerca de 1200 pessoas se reuniram no Centro de Convenções da UFSM, na manhã de quinta-feira, 8 de agosto, para saber mais sobre o Future-se. Durante a audiência pública chamada pela reitoria, o reitor, Paulo Burmann, acompanhado do vice, Luciano Schuch, apresentou seu parecer sobre o projeto do Governo Federal, suas consequências e inquietações, além de ouvirem os presentes em várias rodadas de manifestações.
O reitor explicou a situação financeira pela qual a universidade passa, com recursos contingenciados e concursos públicos parados, e afirmou que o Future-se é um dos maiores ataques à autonomia universitária. O projeto, conforme Burmann, foi feito sem diálogo com as universidades. “Não se pode falar em Future-se com contingenciamento de verbas. Não houve diálogo, fomos tratados como lixo. Nunca tinha vivido em minha história dentro da universidade o exercício do poder como revanchismo contra as universidades”, afirmou o reitor.
Ainda conforme Burmann e Schuch, a UFSM já capta recursos da iniciativa privada e tem programas de incentivo a inovação “Estamos entre as 300 universidades mais inclusivas do mundo. Somos a 12ª universidade mais empreendedora do país. Temos uma fundação que gera receita própria de R$ 4 milhões e capta por ano R$ 37 milhões. A questão é que este dinheiro vai para o Tesouro Nacional, não fica na universidade”, disseram reitor e vice.
Entre as questões levantadas pelos gestores, está a regulamentação: o Future-se altera cerca de 17 leis e ainda se refere à legislações futuras. “Temos mais dúvidas do que clarezas”, ponderou Burmann.
Também foi evidenciada a questão da gestão dos fundos orçamentários e patrimoniais das universidades pela bolsa de valores e a formação de um fundo financeiro gerido em conexão com uma Organização Social. “A universidade não pode ser gerida como uma empresa, temos que ensinar todas as áreas do conhecimento. Precisamos do HUSM já que o Estado se omite e as políticas públicas de saúde foram para o espaço”, considerou Burmann.
Durante seu discurso, o reitor ressaltou que um de seus objetivos é compor uma proposta substitutiva ao Future-se.
Durante as rodadas de manifestações dos presentes, estudantes, TAEs, professores e comunidade santa-mariense reafirmaram que os problemas pelas quais as universidades passam foram sendo criados pelo governo e que é preciso buscar o apoio da sociedade para lutar contra isso. Foi sugerido que o fosse feito um plebiscito com a comunidade universitária perguntando se são favoráveis ou não ao Future-se.
Outras questões também foram levantadas: como fica a questão da assistência estudantil pelo projeto? E como se posicionarão as empresas e comunidades que são beneficiadas pela universidade (através da incubadora e do HUSM, por exemplo)?
O presidente da ATENS/UFSM salientou que o projeto é uma forma de privatizar a universidade e avaliou a audiência pública foi um bom ponto inicial de debate e informação sobre o Future-se para que todos possam lutar contra a privatização do ensino.