O auditório da Câmara de Vereadores de Santa Maria ficou lotado ao receber a audiência em defesa da Previdência Pública promovida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na manhã desta segunda-feira, 27 março. Foram cerca de 300 pessoas que estiveram presentes para afirmar sua desconformidade com a reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer. Entre os participantes foram representadas cerca de 26 organizações sindicais e movimentos sociais. Ao fim da manhã de debates, os participantes saíram em caminhada da Câmara de Vereadores de Santa Maria até a agência do INSS.
O deputado estadual Valdeci Oliveira abriu o evento que teve como objetivo mostrar às pessoas desinformadas que a reforma atinge a todos de todos os setores. Conforme Valdeci, serão 10 audiências públicas organizadas pela Frente Gaúcha em Defesa da Previdência Pública realizadas em todo o Estado. O material das audiências será sintetizado e levado aos deputados federais.
“A informação vai nos fortalecer para barrar essa reforma, nos ajudar a mobilizar contra os impactos dela. Somos contra esse desmonte, esse verdadeiro crime contra os trabalhadores e trabalhadoras”, disse Valdeci durante a audiência. A fala foi corroborada por todos os participantes, entre eles Heleni Schürer, presidente do Cpers de Porto Alegre. “ Para termos unidade e visualizarmos o verdadeiro inimigo precisamos de informação”, disse.
O deputado federal Paulo Pimenta, um dos primeiros a falar no evento, apontou o momento como uma encruzilhada histórica em que as conquistas dos trabalhadores estão em cheque e afirmou que a renegociação das dívidas dos estados deverá trazer problemas ainda mais graves. Pimenta salientou que o golpe não teria sido contra Dilma, mas sim contra todos os trabalhadores.
“As pessoas foram alertadas que esse era o golpe na verdade. Vimos essa semana nos jornais franceses que a França comprou 20% do nosso pré-sal. Nossas riquezas estão sendo vendidas e dentro de 3 meses poderemos ter os direitos trabalhistas todos jogados no lixo. Com a lei da terceirização nunca mais vamos ter um trabalhador rural que não seja terceirizado, os professores estaduais poderão ser contratados como terceirizados, lecionar durante os nove meses permitidos, que é o ano letivo e depois ir para casa sem 13º e sem férias”, disse.
O político ainda afirmou que a reforma da previdência não traz qualquer benefício para s trabalhadores e que não há como melhorar a reforma com emendas. “Temos que vetar toda a proposta”, afirmou Pimenta.
Célio Luiz Fontana, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, levantou a questão do incentivo aos jovens de permanecer no campo sabendo que vão ficar pelo menos até os 65 anos trabalhando. “Como fazer falar de sucessão rural se nossos filhos vão ter que trabalhar até depois dos 65 anos, acordando as 4h da manhã para ordenhar as vacas, ganhar um real por dia e ainda contribuir todo esse tempo?”, indagou durante sua fala.
A estudante do Levante Popular da Juventude, Iana Meira Souza, convocou todos os presentes a se unirem no dia 31 durante o dia de manifestações. Aplaudida em sua fala, a estudante disse que “estou aqui para dizer que a filha da faxineira conseguiu entrar na universidade e que se antes não tínhamos certeza, hoje sabemos que o golpe foi contra todos os trabalhadores”.
Todos os participantes do evento que falaram ao microfone pediram união de todos os sindicatos e movimentos sociais contra a reforma e chamaram para a manifestação que haverá dia 31 contra a reforma da previdência.