A tarde de sexta-feira, 12 de maio, foi de conversa sobre vivências das mulheres com o objetivo de homenagear as mães no dia das Mães e também de continuar a discussão iniciada na Roda de Conversa sobre a Reforma da Previdência e os Impactos para as Mulheres alusiva ao dia da Mulher. O evento, que foi uma oficina sobre igualdade de gênero, levantou temas que através de gerações têm se perpetuado na criação das meninas sobre como elas devem ser e os tipos de cativeiros em que as mulheres – apesar de todas as conquistas – ainda se encontram.
A presidente da ATENS/UFSM, Diana Sampaio abriu o evento agradecendo aos presentes e à professora Márcia Paixão por aceitar o convite para a dinâmica da tarde e lembrou uma pesquisa citada pela ministra do STF Carmen Lúcia afirmando que as juízas mulheres são interrompidas, em média, 18 vezes mais do que juízes homens (confira aqui).
Conforme a professora Márcia Paixão, são esses espaços de conversas que ajudam a promover mudanças. “A conversa é muito importante para fazer a diferença, pois a experiência das mulheres é, geralmente, desqualificada. Hoje estamos em muitos lugares mas ainda há lugares de sombra, há um sistema de dominação que ainda precisa ser combatido”, comentou Márcia, que também questionou sobre como trazer mais homens para esse tipo de evento.
A tarde começou com dinâmica de apresentação e seguiu-se uma conversa sobre o que já se ouviu sobre ser mulher. “Ao longo da história sempre alguém falou por nós sobre o que somos ou deveríamos ser, então é preciso falar”, disse a professora.
O resultado foi:
- Postura (as meninas devem se comportar, ter uma postura diferenciada, sentar de pernas fechadas, ser recatada, etc);
- Conduta (havia brincadeiras e atividades de menina e de menino na maioria das famílias; as meninas deveriam ter um namorado só);
- Deveres (saber fazer comida desde pequena, cuidar, etc);
- Casar e ter filhos (maternidade compulsória);
- Dificuldade de amamentar em público.
A partir dos depoimentos, a professora avaliou que mulheres que aquelas que “saíram do padrão de mulher” foi porque outras mulheres, como avós e mães, apresentaram outros caminhos e também que o corpo feminino é para os outros.
Para fechar a tarde, Márcia citou a pesquisa da mexicana Marcela Lagarde que diz que, apesar das conquistas, as mulheres ainda estão em cativeiro e se movem muito bem dentro dele. “É o cativeiro que torna a mulher um objeto e a mulher acredita que isso é algo prescrito para ela”, citou.